Filha do roubo
chama
pela manhã,contra o rítmo frenético
sai da caneca
e lhe faz companhia
em movimento
de harmonia
nas ruas
de escapamentos
e chaminés
acompanha
o desejo de seus pés
- e escapa-
no almoço,quase imperceptível
adorna o salgado
recheado
-que do alimento
só traz um esboço-
ao final do dia
compartilha os primeiros versos
na janela suja, que segue
de poste
em poste
na quinta estação
descortina seus olhos de cobra
em lágrimas apimentadas
sobre o sal do trabalho
e no eco noturno
do quarto
do cinzeiro
serpenteia-lhe
um poema
de tudo que não foi
seu dia
Este blog é uma bolsa de algodão virtual onde guardei alguns poemas selecionados, até o ano de 2007.São registros de um período significativo de experimentações poéticas escritas em uma antiga máquina de escrever configurando uma breve narrativa sobre as indagações e anseios estéticos vivenciados naquele coditiano.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
domingo, 25 de novembro de 2007
A Cigarra e a Cigarra
Voava
com os pássaros
no Canto Geral
de uma noite
passou pela janela
o vento
e à porta
tan tan
tan tan
o que não havia percebido
é que perseguia
insistentemente em quinta
por algo
fuuuuuuuuuul
tan tan
ao abrir a porta uma pequena cigarra noturna
como que saída das páginas de La Fontaine
em meu pijama
em abraço de criança
em silêncio
pediu-me acalento
Não se preocupe
não sou formiga
vamos juntos
ler cantos
da cigarra chilena
adormeceu em meu peito
enquanto voavamos
ao som do vento
à porta
novamente
plan plan planplan
O que seria
no tapete da porta
uma grande cigarra
também pedia
pousada
em mãos dava seu som estridente
voltamos os três para o canto
seguia a grande
da mão
ao braço
do braço
ao peito
num som autoritário
expulsou
a pequenina
O que você fez
Terá que lidar com o vento
use o tapete
coloquei os olhinhos assustados mais
uma vez
para dormir
sem me dizer
se fugia do vento uivante
ou da grande estridente
Não se preocupe
durma
meu canto
também é
pequeno
com os pássaros
no Canto Geral
de uma noite
passou pela janela
o vento
e à porta
tan tan
tan tan
o que não havia percebido
é que perseguia
insistentemente em quinta
por algo
fuuuuuuuuuul
tan tan
ao abrir a porta uma pequena cigarra noturna
como que saída das páginas de La Fontaine
em meu pijama
em abraço de criança
em silêncio
pediu-me acalento
Não se preocupe
não sou formiga
vamos juntos
ler cantos
da cigarra chilena
adormeceu em meu peito
enquanto voavamos
ao som do vento
à porta
novamente
plan plan planplan
O que seria
no tapete da porta
uma grande cigarra
também pedia
pousada
em mãos dava seu som estridente
voltamos os três para o canto
seguia a grande
da mão
ao braço
do braço
ao peito
num som autoritário
expulsou
a pequenina
O que você fez
Terá que lidar com o vento
use o tapete
coloquei os olhinhos assustados mais
uma vez
para dormir
sem me dizer
se fugia do vento uivante
ou da grande estridente
Não se preocupe
durma
meu canto
também é
pequeno
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
K néca
_ Há sim, uma viagem clandestina à lugar nenhum, dentro do vazio da caneca. Viagem que precede a viagem. Como antes de deslocar e caminhar com a caneta no infinito do branco. Como a possibilidade de deslizar-se na vida de um ponto quente a outro continente. Lá a neve cobre a folha . É como o presente de natal prestes a chegar. Tudo bem que o Natal não chegou, só o presente. E Natal é coisa de espera, ou era, talves agora só seja coisa de cartão. De credito. Entende? Nem eu. Partirei no final de dezembro. As malas preparam-se em suaves dobras. As amizades e as canecas. As canecas têm algo de angelical, acolhedora e forte. Caneca é coisa de intimidade. E quando chegar à Europa estarei sem minha legião, estaremos no auge do inverno. Que bom. Se a real utilidade da caneca está em seu vazio, minha cabeça está no caminho. Essa viagem clandestina de alegria que já me leva em tempo real onde eu tenho que estar. Aprendendaprender. A viagem já começou. Quer chá?
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