Formigas enumeradas trafegam
entre pedras
em rumos que só se cruzam
nas bifurcações itinerários
traçadas por um arquiteto
Quando o dia bate seu cartão
- os anúncios luminosos -
já o rende em pico de produção
em passos cimentados pela realidade lógica
do prato
da morte da rainha
do ciborgue
da farinha
os cafés são o que resta da poesia
pois não podem ler
as folhas
sobre o ombro
Este blog é uma bolsa de algodão virtual onde guardei alguns poemas selecionados, até o ano de 2007.São registros de um período significativo de experimentações poéticas escritas em uma antiga máquina de escrever configurando uma breve narrativa sobre as indagações e anseios estéticos vivenciados naquele coditiano.
terça-feira, 4 de setembro de 2007
A saga de um menino
Não me lembro ao certo quem a trouxe
mas era pequenina
esperta
branca de manchas pretas
minha Lili
Lili Bonifácio brincava comigo
na indisposição de meus irmãos
meu pai criador de passarinhos
espalhava as gaiolas por todos os lados
curió
canário da terra
picharro
sabiá-laranjeira
pássaro preto
periquitos
o canário do reino estava na varanda
eu
morcego
Lili
prodígio
em nossa luta contra o mal
peguei-as nos braços
e a joguei para o alto
com suas unhas afiadas
agarrou-se na gaiola
acho que nem gostava de passarinhos
nunca provara
nunca saberei
caíram
ela e a gaiola
o passarinho quebrou a perna
vivíamos em regime patriarcal
tudo era resolvido após as seis
o dia durou cem anos em escuridão
o som das botas
estremeciam
da calçada
a porta
toc
toc
toc
os três para a sala
quem derrubou a gaiola
se não falarem será pior
não podia deixar meus dois irmãos
serem castigados por um crime
que não cometeram
nem sabiam
vamos digam alguma coisa
pai
eu estava brin-can-do
com a Lili
e
ela pulou
onde ela está
é a última vez que você a está vendo
estou livre
mas em minha saga
talvez eu seja coringa
mas era pequenina
esperta
branca de manchas pretas
minha Lili
Lili Bonifácio brincava comigo
na indisposição de meus irmãos
meu pai criador de passarinhos
espalhava as gaiolas por todos os lados
curió
canário da terra
picharro
sabiá-laranjeira
pássaro preto
periquitos
o canário do reino estava na varanda
eu
morcego
Lili
prodígio
em nossa luta contra o mal
peguei-as nos braços
e a joguei para o alto
com suas unhas afiadas
agarrou-se na gaiola
acho que nem gostava de passarinhos
nunca provara
nunca saberei
caíram
ela e a gaiola
o passarinho quebrou a perna
vivíamos em regime patriarcal
tudo era resolvido após as seis
o dia durou cem anos em escuridão
o som das botas
estremeciam
da calçada
a porta
toc
toc
toc
os três para a sala
quem derrubou a gaiola
se não falarem será pior
não podia deixar meus dois irmãos
serem castigados por um crime
que não cometeram
nem sabiam
vamos digam alguma coisa
pai
eu estava brin-can-do
com a Lili
e
ela pulou
onde ela está
é a última vez que você a está vendo
estou livre
mas em minha saga
talvez eu seja coringa
O riso partiu-se
Sentado na calçada de chapéu na mão
e olhos no chão
espera pelo riso que há tempos partiu
não se sabe porque, talvez por crescer
e deixar entender
que de início podia estar escondido
no encontro da barba e o bigode
Podia estar tentando voar com a gravata borboleta
ou em busca de sossego mudou-se
para a casa do botão
fechando-se para as batidas
os dedos na cabeça despenteada
deduzem se não havia escorregado
pelas calças largas – seguras por um barbante –
e entre um calo e um dedo no trabalhoso sapato
se enforcado
não há meias
e no couro sem graxa
há um furo
de onde se pode ver o mundo
e olhos no chão
espera pelo riso que há tempos partiu
não se sabe porque, talvez por crescer
e deixar entender
que de início podia estar escondido
no encontro da barba e o bigode
Podia estar tentando voar com a gravata borboleta
ou em busca de sossego mudou-se
para a casa do botão
fechando-se para as batidas
os dedos na cabeça despenteada
deduzem se não havia escorregado
pelas calças largas – seguras por um barbante –
e entre um calo e um dedo no trabalhoso sapato
se enforcado
não há meias
e no couro sem graxa
há um furo
de onde se pode ver o mundo
Olhares oprimidos
Onde vocês vivem
pergunta o professor aos alunos do EJA
Usem as lentes
e quando voltam, trazem nos rostos a expressão de suas
casas
Sebastiana flagrara fios de sapê – seu trabalho
seu lar –
ripas
tijolos
barro
cacos
casa aos olhos trincados
clicados
a fome era larga
João trouxe o rio sujo
onde gaivotas comiam o lixo
onde João caçava as gaivotas
Antonio trouxe a foto de um menino
Você se enganou Antonio
perguntei onde você vive
Eu entendi
Então por que o menino
João é meu vizinho
o rio tem muitos ratos
e eles mordem
os cachorros nos protegiam
mas a sarna os entregou à carrocinha
minha mulher e eu trabalhamos
o dia todo
os meninos estavam dormindo
eles vieram
e comeram um pedaço do nariz
na foto não há palavras só um rosto assustado
lágrimas
sangue
dor
lar
pergunta o professor aos alunos do EJA
Usem as lentes
e quando voltam, trazem nos rostos a expressão de suas
casas
Sebastiana flagrara fios de sapê – seu trabalho
seu lar –
ripas
tijolos
barro
cacos
casa aos olhos trincados
clicados
a fome era larga
João trouxe o rio sujo
onde gaivotas comiam o lixo
onde João caçava as gaivotas
Antonio trouxe a foto de um menino
Você se enganou Antonio
perguntei onde você vive
Eu entendi
Então por que o menino
João é meu vizinho
o rio tem muitos ratos
e eles mordem
os cachorros nos protegiam
mas a sarna os entregou à carrocinha
minha mulher e eu trabalhamos
o dia todo
os meninos estavam dormindo
eles vieram
e comeram um pedaço do nariz
na foto não há palavras só um rosto assustado
lágrimas
sangue
dor
lar
Sonho de vida
Para matar a fome
vende-se a vida
para viver um sonho
não se come
dorme
esquece seu nome
não precisa
perdeu-se nas cinzas
da ponta de cigarro
a cada cidade
é novo indigente
por vezes contente
por não ser mais gente
que sonha
que dorme
que come
se ainda há vida
só resta esperar que se acabe
na escuridão
escondida à beira dos dias
um pouco
em cada saco de lixo
vende-se a vida
para viver um sonho
não se come
dorme
esquece seu nome
não precisa
perdeu-se nas cinzas
da ponta de cigarro
a cada cidade
é novo indigente
por vezes contente
por não ser mais gente
que sonha
que dorme
que come
se ainda há vida
só resta esperar que se acabe
na escuridão
escondida à beira dos dias
um pouco
em cada saco de lixo
O peixe
Fechado em uma redoma aguarda
em silêncio
não se sabe o que, apenas
nada
no vermelho o contorno
do pequeno samurai
ágil
frágil
nada dor de águas turvas
seus leques
dançam ao som da TV
no que lhe resta de rio
anjo molhado
galo de estar
desarmado
coroado
troféu beta a combinar com o sofá
solitário por natureza
força necessária
na redoma econômica
onde não há oxigênio para a liberdade
em silêncio
não se sabe o que, apenas
nada
no vermelho o contorno
do pequeno samurai
ágil
frágil
nada dor de águas turvas
seus leques
dançam ao som da TV
no que lhe resta de rio
anjo molhado
galo de estar
desarmado
coroado
troféu beta a combinar com o sofá
solitário por natureza
força necessária
na redoma econômica
onde não há oxigênio para a liberdade
Última palavra
Terminado o poema
As letras repousam
Sobre o papel
Após a longa caminhada
No deserto branco
sem miragem
sem margem
mas uma delas
talvez a última do comboio
gira
enlouquecida por toda a folha
pernilongo atordoado
desrespeitando a sintaxe
tentando alçar vôo
e partir
ou encontrando por si
a forma que lhe convém
As letras repousam
Sobre o papel
Após a longa caminhada
No deserto branco
sem miragem
sem margem
mas uma delas
talvez a última do comboio
gira
enlouquecida por toda a folha
pernilongo atordoado
desrespeitando a sintaxe
tentando alçar vôo
e partir
ou encontrando por si
a forma que lhe convém
Espera
A espera
conforta
até o reencontro
com os que partiram
a mãe pássaro
parte
durante horas
e retorna
com o alimento dos filhos
o pai operário
parte
todos os dias
e retorna
segurança noturna no lar
o irmão
parte
jornada prometéica
não volta
durante anos
ao seu retorno
seu cão
e todos
o reconhecem
abraçam
festejam
dá-se um nó
no laço que se tinha
pai
mãe
irmão
todos
parte
do cordão
conforta
até o reencontro
com os que partiram
a mãe pássaro
parte
durante horas
e retorna
com o alimento dos filhos
o pai operário
parte
todos os dias
e retorna
segurança noturna no lar
o irmão
parte
jornada prometéica
não volta
durante anos
ao seu retorno
seu cão
e todos
o reconhecem
abraçam
festejam
dá-se um nó
no laço que se tinha
pai
mãe
irmão
todos
parte
do cordão
Espera ll
Os olhos de areia
insistem em se fechar
diante da noite
que se ilumina
em anúncios
solidão
que me acompanha
na xícara vazia
da espera
dos minutos
que se queimam
nos ponteiros
dos últimos cigarros
páginas
de justificativas
se desdobram
em meus pensamentos
trânsito
assalto
bateria
amigos
bebida
amnésia
mulheres
não importa
pela manhã
anuncio a visita
da cegonha
insistem em se fechar
diante da noite
que se ilumina
em anúncios
solidão
que me acompanha
na xícara vazia
da espera
dos minutos
que se queimam
nos ponteiros
dos últimos cigarros
páginas
de justificativas
se desdobram
em meus pensamentos
trânsito
assalto
bateria
amigos
bebida
amnésia
mulheres
não importa
pela manhã
anuncio a visita
da cegonha
São as árvores
São as árvores da mata atlântica
das ruas praças parques
antigos sábios
que se cansaram de falar aos tolos
e recolheram-se em silêncio
ao repouso
falando apenas sussurradamente
aos ventos
mensageiros do saber e da quietude
em movimento
que levam secretamente
só àqueles
que cortaram a interrogação de suas
orelhas
e aprenderam a ouvir com os olhos
da terra
mas até entre as folhas
a sabedoria e a diversidade
luta contra
o império massificador
da era do eucalipto
das ruas praças parques
antigos sábios
que se cansaram de falar aos tolos
e recolheram-se em silêncio
ao repouso
falando apenas sussurradamente
aos ventos
mensageiros do saber e da quietude
em movimento
que levam secretamente
só àqueles
que cortaram a interrogação de suas
orelhas
e aprenderam a ouvir com os olhos
da terra
mas até entre as folhas
a sabedoria e a diversidade
luta contra
o império massificador
da era do eucalipto
Lupus
Não é a noite que temo
solidão que me norteia
mas o lobo que habita em mim
e man-sa-men-te
devora meus rins
creatinina a afogar os ossos
neste mar sem sal
rogo a lua cheia
que mude esta maré
em seu rosto até vejo um sorriso
mas o que tem ela a ver com isso
se não há uivo
como pode saber
do que realmente preciso
peço à noite mais um dia
e que neste leito
não seja lupus
a minha agonia
solidão que me norteia
mas o lobo que habita em mim
e man-sa-men-te
devora meus rins
creatinina a afogar os ossos
neste mar sem sal
rogo a lua cheia
que mude esta maré
em seu rosto até vejo um sorriso
mas o que tem ela a ver com isso
se não há uivo
como pode saber
do que realmente preciso
peço à noite mais um dia
e que neste leito
não seja lupus
a minha agonia
Barqueiro marginal
Sou barqueiro marginal
entre o véu
o mel
a calçada
e o metal
navegante de águas fundas
tateando as alturas
de pés em pedras
em busca de um novo céu
sem reservas
sem ingressos
chave
aluguel
entre o véu
o mel
a calçada
e o metal
navegante de águas fundas
tateando as alturas
de pés em pedras
em busca de um novo céu
sem reservas
sem ingressos
chave
aluguel
A folha azul
No alto das árvores
azul
impressões de encantamento
tal tinta secara
perdera-se
não para um vazio
ainda pode ser vista
onde foram compostas
fricativas
bilabiais
consoantes espalmadas ao ar
de mãos dadas ao vento
sob
como
se
sobre
a folha azul
em que se escreve
todos os tempos
página
que não pode ser arrancada
azul
impressões de encantamento
tal tinta secara
perdera-se
não para um vazio
ainda pode ser vista
onde foram compostas
fricativas
bilabiais
consoantes espalmadas ao ar
de mãos dadas ao vento
sob
como
se
sobre
a folha azul
em que se escreve
todos os tempos
página
que não pode ser arrancada
A era antiga
A era antiga a escuridão se preza
e mesmo fazendo-se de luz
não clama
no presente sucede a beleza
o brilho bastardo que da história
emana
as folhas do tempo o nutre em atributo
e o grotesco se faz belo
anônimo
sem reduto
pelos quatro cantos do mundo
cantam os homens de pedra
à pátria
estáticos sob os cílios de corvo
o disfarçar-se compensa o desdém
mas o negro véu revela
na sombra
os óculos do presente
e mesmo fazendo-se de luz
não clama
no presente sucede a beleza
o brilho bastardo que da história
emana
as folhas do tempo o nutre em atributo
e o grotesco se faz belo
anônimo
sem reduto
pelos quatro cantos do mundo
cantam os homens de pedra
à pátria
estáticos sob os cílios de corvo
o disfarçar-se compensa o desdém
mas o negro véu revela
na sombra
os óculos do presente
Sangue de um poeta
do botão da rosa
seus espinhos
estendi meus braços
o sangue lhe deu a cor
seu brilho me deu um
dois
três olhos
que vêem o mundo
e se confundem
entre a carne
terra
perfume
nas mãos o pólen
- verbo -
esperando por falar
a rosa
cresce
abre-se
seca
pétala que se deita
ao novo
ainda sem espinhos
seus espinhos
estendi meus braços
o sangue lhe deu a cor
seu brilho me deu um
dois
três olhos
que vêem o mundo
e se confundem
entre a carne
terra
perfume
nas mãos o pólen
- verbo -
esperando por falar
a rosa
cresce
abre-se
seca
pétala que se deita
ao novo
ainda sem espinhos
Pensamento passageiro
Entre a janela e a retina
alguns
pensamentos
são
como
-pinturas impressionistas-
das coisas
a estes convêm o nome de idéias
e no momento em que se representam
em pedra e ferro
um homem
árvore
nuvem
poste
um ano
mesmo Deus
outras além
formam um muro em movimento sobre os trilhos turvos
querer temer afirmar negar querer temer afirmar negar
então
concebe-se com a práxis de um olhar pensante
e da inércia que se esgota no assento duro
um gênero de juízos
que no final
desembarcam
e dispersam-se no tumulto entre a multidão
alguns
pensamentos
são
como
-pinturas impressionistas-
das coisas
a estes convêm o nome de idéias
e no momento em que se representam
em pedra e ferro
um homem
árvore
nuvem
poste
um ano
mesmo Deus
outras além
formam um muro em movimento sobre os trilhos turvos
querer temer afirmar negar querer temer afirmar negar
então
concebe-se com a práxis de um olhar pensante
e da inércia que se esgota no assento duro
um gênero de juízos
que no final
desembarcam
e dispersam-se no tumulto entre a multidão
A flor e a árvore
Uma roseira
e a macieira
unidas pelo mesmo jardim
bebem da mesma chuva
dançam
ao mesmo vento
mesmo sol
uma
cores da vida
outra
sombra da serenidade
na terra suas raízes
distantes
não se entrelaçam
e a macieira
unidas pelo mesmo jardim
bebem da mesma chuva
dançam
ao mesmo vento
mesmo sol
uma
cores da vida
outra
sombra da serenidade
na terra suas raízes
distantes
não se entrelaçam
Dedos da chuva
Os dedos da chuva
desenterram
da minha cabeça
as sementes do amanhã
pó
pus
abrem caminho
à esperança
que não é dada
desenterram
da minha cabeça
as sementes do amanhã
pó
pus
abrem caminho
à esperança
que não é dada
Sucesso
O homem de sucesso
não está no escritório
em que se tornou
está no fluxo
de seus passos
na calçada
que lhe nutre as alturas
não está no escritório
em que se tornou
está no fluxo
de seus passos
na calçada
que lhe nutre as alturas
Solidão
Diante da solidão
o homem
frágil
faz-se sólido
amparado
pelo eremita
que traz a luz
da solidariedade
o homem
frágil
faz-se sólido
amparado
pelo eremita
que traz a luz
da solidariedade
Irmão Tempo
A distância oceânica
tecnológica
financeira
não separa
o que se construiu
em lutos
e festas
em vinte e sete
carrinho
bola
brigas
bicicleta
herói
bebidas
namoros
presentes
perdas
casamento
partida
lágrimas
vida compartilhada
que se fez
e se faz
entre o novo
e o velho
mundo
entre os meninos
de ontem
e os homens
de hoje
tecnológica
financeira
não separa
o que se construiu
em lutos
e festas
em vinte e sete
carrinho
bola
brigas
bicicleta
herói
bebidas
namoros
presentes
perdas
casamento
partida
lágrimas
vida compartilhada
que se fez
e se faz
entre o novo
e o velho
mundo
entre os meninos
de ontem
e os homens
de hoje
Poética
O poeta
não é
o que informa
não é
porta voz do saber
realidade objetiva
coletiva
nem de si mesmo
apenas cria condições
para que se processe
o trabalho específico
arte
a poesia mais que representar a existência
a é em ação
ela própria o ser
não pode ser controlada
mumificada
serva de idéias feitas
nem o poeta
sabe a cor de seus olhos
antes de desprendê-la do limbo
não é
o que informa
não é
porta voz do saber
realidade objetiva
coletiva
nem de si mesmo
apenas cria condições
para que se processe
o trabalho específico
arte
a poesia mais que representar a existência
a é em ação
ela própria o ser
não pode ser controlada
mumificada
serva de idéias feitas
nem o poeta
sabe a cor de seus olhos
antes de desprendê-la do limbo
Vôo do ganso selvagem
O ganso selvagem
emerge das profundezas
em direção a margem
a influência interior
no vento
gerado pelo fogo
asas de prata
no conciliar
- do olhar
ao vôo -
a influência
- harmonia -
entre a chama e o vento
emerge das profundezas
em direção a margem
a influência interior
no vento
gerado pelo fogo
asas de prata
no conciliar
- do olhar
ao vôo -
a influência
- harmonia -
entre a chama e o vento
Samuel no Reino do Sol
Após uma pequena temporada
em nossos dias
voltastes para teu reino
sol
as lagrimas ficaram
sem saber para onde
mesmo agora
tua amizade
luz
alegria
serenidade
saudade
e quando novamente nos encontrarmos
em olhos de risos
como nos sonhos
nos acolherá com teus longos braços
e no tapete da sala
selaremos
a aliança dos bombons
de toda festa
palhaçadas
passadas
guarda o coração
o calor
e a garganta
o nó
da amizade plantada
girassol
renasce
brilha
a cada dia nas sementes
que ficaram
em nossos dias
voltastes para teu reino
sol
as lagrimas ficaram
sem saber para onde
mesmo agora
tua amizade
luz
alegria
serenidade
saudade
e quando novamente nos encontrarmos
em olhos de risos
como nos sonhos
nos acolherá com teus longos braços
e no tapete da sala
selaremos
a aliança dos bombons
de toda festa
palhaçadas
passadas
guarda o coração
o calor
e a garganta
o nó
da amizade plantada
girassol
renasce
brilha
a cada dia nas sementes
que ficaram
A cena de rua
As gotas de sangue
na calçada
a violência
do impacto
sapato
entre aço
osso
moça
os dedos vermelhos
seguram as mãos do taxista
em pânico
chapéu
na cabeça
coração
na boca
olhos curiosos
formam um colar
em torno do sacrifício
o menino do picolé
uni-se ao coro
em pé
ao lado
do gerente do café
o passageiro
de malas na mão
recolhe
os óculos que
brados
do chão
as sirenes
abrem caminho para o alívio
que não chega
o grito do taxista
os olhos
o silêncio
a bandeirada
cobrem o rosto
de anjo
na rua
na calçada
a violência
do impacto
sapato
entre aço
osso
moça
os dedos vermelhos
seguram as mãos do taxista
em pânico
chapéu
na cabeça
coração
na boca
olhos curiosos
formam um colar
em torno do sacrifício
o menino do picolé
uni-se ao coro
em pé
ao lado
do gerente do café
o passageiro
de malas na mão
recolhe
os óculos que
brados
do chão
as sirenes
abrem caminho para o alívio
que não chega
o grito do taxista
os olhos
o silêncio
a bandeirada
cobrem o rosto
de anjo
na rua
Olhos de menina
Não há lugar
melhor
que o nosso lar
ouvidos surdos
olhos cegos
bocas mudas
mãos
que batem
mostram o caminho
rua
na calçada
acalento materno
endurece
aquece
evapora
as lágrimas
petrificadas pela dor
anônimos passam
noite
dia
preenchem o retrato
da família
o caminho de casa
se perde
nas lembranças dos castigos
o preço da tarefa
não cumprida
embebido
nos goles
creatinos
toda urina do penico
da louça suja
colheradas frias
toda comida
estragada
no atraso do jantar
braços
punhos
couro
marcam o lembrete
no corpo
a casa
lar
no mundo
não hámelhor
melhor
que o nosso lar
ouvidos surdos
olhos cegos
bocas mudas
mãos
que batem
mostram o caminho
rua
na calçada
acalento materno
endurece
aquece
evapora
as lágrimas
petrificadas pela dor
anônimos passam
noite
dia
preenchem o retrato
da família
o caminho de casa
se perde
nas lembranças dos castigos
o preço da tarefa
não cumprida
embebido
nos goles
creatinos
toda urina do penico
da louça suja
colheradas frias
toda comida
estragada
no atraso do jantar
braços
punhos
couro
marcam o lembrete
no corpo
a casa
lar
no mundo
não hámelhor
Tijolo de coração
Consciência tranqüila
dor no coração
a história se repete
amor
sem solução
tão próximo perto
que chega
a se perder em mim
e tão longe
distante
que mal posso ver seu
fim
um muro matrimonial
racional
me separa de minha Tisbe
na boca
para beijá-la
lâminas d’alma
renuncio por lealdade
princípios
céus
pode nem ser verdade
mas confio ao acaso
não a minha
nossa felicidade
lição do passado
se faz presente
gira mundo
girassol
roda da fortuna
novo começo
pois agora
poeta
com a humanidade
casado
com o universo
enamorado
se a felicidade
será no fim
finalmente fundarei
o reino
que a muito habita em mim
dor no coração
a história se repete
amor
sem solução
tão próximo perto
que chega
a se perder em mim
e tão longe
distante
que mal posso ver seu
fim
um muro matrimonial
racional
me separa de minha Tisbe
na boca
para beijá-la
lâminas d’alma
renuncio por lealdade
princípios
céus
pode nem ser verdade
mas confio ao acaso
não a minha
nossa felicidade
lição do passado
se faz presente
gira mundo
girassol
roda da fortuna
novo começo
pois agora
poeta
com a humanidade
casado
com o universo
enamorado
se a felicidade
será no fim
finalmente fundarei
o reino
que a muito habita em mim
Ser
Não há forma
em ser
apenas em potencial
a busca
pela transformação
libertaria
deste estado gasosoem que vivemos
em ser
apenas em potencial
a busca
pela transformação
libertaria
deste estado gasosoem que vivemos
Araucária
Arvorada de mãos estendidas
Plenitude germinal
Oscilante
entre sol
e sombra
existência dividida
entre o divino
e o vegetal
Plenitude germinal
Oscilante
entre sol
e sombra
existência dividida
entre o divino
e o vegetal
O palhaço e o poeta
Dançam pelos mundos
moribundos
olhos abertos ao fundo
e corpos ligados a tudo
no plano do existivel
buscam ao impossível
estado que lhes cabe
pois do sorriso o poema sabe
e da poesia
o riso se faz
seguir os dois
ao som de um violino
tente se for capaz
Jardim dos ares
Pela manhã
flores voadoras
dançam
ar
pelo
colorindo o arco-íris
sobre
as da terra
que não sabem dançar
moribundos
olhos abertos ao fundo
e corpos ligados a tudo
no plano do existivel
buscam ao impossível
estado que lhes cabe
pois do sorriso o poema sabe
e da poesia
o riso se faz
seguir os dois
ao som de um violino
tente se for capaz
Jardim dos ares
Pela manhã
flores voadoras
dançam
ar
pelo
colorindo o arco-íris
sobre
as da terra
que não sabem dançar
Um quarto de cordão
Mãos negras
habilidosas
tecem em voltas
precisas
os segundos
minutos
horas
dias
meses
anos
em caminhos
de mesa
que conduzem
não o criador
criado
mas no caminho
vê-se curado
braços firmes
óculos seguros
por um sorriso
dos olhos trágicos
penetrados
na linha
que trama
o barbante
que tece
o caminho
que alimenta
o quarto
de portas contrárias
por onde entra
todos os dias
do ano
a enfermeira
com a cadeira
para levar Sr Antônio
ao banho
habilidosas
tecem em voltas
precisas
os segundos
minutos
horas
dias
meses
anos
em caminhos
de mesa
que conduzem
não o criador
criado
mas no caminho
vê-se curado
braços firmes
óculos seguros
por um sorriso
dos olhos trágicos
penetrados
na linha
que trama
o barbante
que tece
o caminho
que alimenta
o quarto
de portas contrárias
por onde entra
todos os dias
do ano
a enfermeira
com a cadeira
para levar Sr Antônio
ao banho
Virada à mesa
Minutos antes do fim de 2005
instalados em p. em Emaús
três homens
mais um
aos olhos
-emprestados-
de Caravaggio
sentaram-se para comer
sob a técnica do escorço
o quarto homem
abençoa a comida
frutas frescas
vinho
pães
com leve movimento das mãos
perfuradas
o olhar em velas
diz o indizível
o espanto
contagia os outros
espanto
entusiasmado
moleque de natal
antes do fim
percebo
não comem
não dormem
pré-ceiam eternamente
- em silêncio –
o pão
que se come
as doze
do novo
tim tim
instalados em p. em Emaús
três homens
mais um
aos olhos
-emprestados-
de Caravaggio
sentaram-se para comer
sob a técnica do escorço
o quarto homem
abençoa a comida
frutas frescas
vinho
pães
com leve movimento das mãos
perfuradas
o olhar em velas
diz o indizível
o espanto
contagia os outros
espanto
entusiasmado
moleque de natal
antes do fim
percebo
não comem
não dormem
pré-ceiam eternamente
- em silêncio –
o pão
que se come
as doze
do novo
tim tim
A bolha
Feita de um material
estético
sintético
capital
nos envolve além de nossos olhos
pernas
bolsos
os que vivem no centro
desconhecem sua existência
consumidora
vidas embaladas
compra
venda
troca
pedras de um tabuleiro
em eterno jogo
sem vencedores
há porém, os que sabem de sua existência
mas estão entre
centro
e margem
tentando um equilíbrio
na balança embriagada
do consumo
da doação
ajustados ao sistema
seu único problema
o travesseiro
e não muito diferente
dos primeiros
- os que podem toca-la -
esticam
observam
vamos arrebenta-la
indestrutível
ah ah ah
é permitido que a toque
estique
reflita
pois sua elasticidade globalizada
joga no fim
o individuo
novamente ao seu lugar
marginalizadamente ferid
o
livre como um peixe-boi
em saco plástico
elástico
todos
habitantes
condenados a viver
da grama
do capitalismo
estético
sintético
capital
nos envolve além de nossos olhos
pernas
bolsos
os que vivem no centro
desconhecem sua existência
consumidora
vidas embaladas
compra
venda
troca
pedras de um tabuleiro
em eterno jogo
sem vencedores
há porém, os que sabem de sua existência
mas estão entre
centro
e margem
tentando um equilíbrio
na balança embriagada
do consumo
da doação
ajustados ao sistema
seu único problema
o travesseiro
e não muito diferente
dos primeiros
- os que podem toca-la -
esticam
observam
vamos arrebenta-la
indestrutível
ah ah ah
é permitido que a toque
estique
reflita
pois sua elasticidade globalizada
joga no fim
o individuo
novamente ao seu lugar
marginalizadamente ferid
o
livre como um peixe-boi
em saco plástico
elástico
todos
habitantes
condenados a viver
da grama
do capitalismo
Ano Novo
Elementos celestes essenciais
entre a fumaça
intragável
expelida pelas narinas verticais
e o sangue turvo
em veias urbanizadas
que crescem desenfreadas
nesta terra em prata
mata
lata
sobrevoam
em plumas negras
o lixo
virtude terrestre
assegurando o estável
firmamento do assento de Deus
entre os elementos
que se consomem
governam as águas acima dos céus
e abaixo
o ar
elemento sutil
nos pulmões enfraquecidos
tubérculos de fé
o fogo
reluzente
centelha divina que aquece
a marmita
ardente asa do vento
que sopra
para continentes
ainda desconhecidos
a água
gota
gota
construtora de erosão
que no abrir da terra
inunda
gera o salvador
fonte de água viva
contaminada
pai que sopra a vida
e devora seus filhos
em lama
entre a fumaça
intragável
expelida pelas narinas verticais
e o sangue turvo
em veias urbanizadas
que crescem desenfreadas
nesta terra em prata
mata
lata
sobrevoam
em plumas negras
o lixo
virtude terrestre
assegurando o estável
firmamento do assento de Deus
entre os elementos
que se consomem
governam as águas acima dos céus
e abaixo
o ar
elemento sutil
nos pulmões enfraquecidos
tubérculos de fé
o fogo
reluzente
centelha divina que aquece
a marmita
ardente asa do vento
que sopra
para continentes
ainda desconhecidos
a água
gota
gota
construtora de erosão
que no abrir da terra
inunda
gera o salvador
fonte de água viva
contaminada
pai que sopra a vida
e devora seus filhos
em lama
Desperta primavera
Ao sinal
caem
as folhas
decassílabos Homéricos
Américas
Luiz XV em XIX
fim dos passeios
devaneios
testa de meninos
equações
não é outono
a estação é gota
nota
perfume vermelho
dos olhos
abertos
da justiça
mulheres em véu
papel
pastel
seio da libertação
semeiam a estação
da fresta
luz
nas mãos
cruz
que nega
o neto
prega
o feto
a filha
quando crescer
quero a cabeça
sobre o pescoço
amizade
em morte
flores
estação ferida
aberta
aos pés
da grande árvore
caem
as folhas
decassílabos Homéricos
Américas
Luiz XV em XIX
fim dos passeios
devaneios
testa de meninos
equações
não é outono
a estação é gota
nota
perfume vermelho
dos olhos
abertos
da justiça
mulheres em véu
papel
pastel
seio da libertação
semeiam a estação
da fresta
luz
nas mãos
cruz
que nega
o neto
prega
o feto
a filha
quando crescer
quero a cabeça
sobre o pescoço
amizade
em morte
flores
estação ferida
aberta
aos pés
da grande árvore
Feliz Aniversário
Perdoa
amigo
se possível
- nem presente
nem presente
(talvez poema) –
oxidado
na corrente
o elo
neste dia
não reflete
um abraço
a pouco
conheço – te muito
as pausas
cantadas nos olhos
o embrulho
diário
de alumínio
trás
o pão
alimenta a
já fortalecida
onde você
homem
projeta – se
todo
amizade
amigo
se possível
- nem presente
nem presente
(talvez poema) –
oxidado
na corrente
o elo
neste dia
não reflete
um abraço
a pouco
conheço – te muito
as pausas
cantadas nos olhos
o embrulho
diário
de alumínio
trás
o pão
alimenta a
já fortalecida
onde você
homem
projeta – se
todo
amizade
Feliz todos os dias
Famílias neste dia
comem
oram
comemoram
filhos
maridos
neste dia
não deixam
de almoçar
fica
fácil
dizer
em abraço
presente
o que todos os dias
todas gostariam
tecedora de caminhos
bordo
não neste dia
todos
dias
fraternos
mãe
comem
oram
comemoram
filhos
maridos
neste dia
não deixam
de almoçar
fica
fácil
dizer
em abraço
presente
o que todos os dias
todas gostariam
tecedora de caminhos
bordo
não neste dia
todos
dias
fraternos
mãe
Olhos de revolução
Sentado
frente
a um grande portão
um mendigo lamenta
a morte
de seu cão
vitorioso
chega à entrada
do reino
o imperador
e seus soldados
pára
observa
indaga ao maltrapilho
- indesejável presença -
feito de milho
o homem pobre
não pobre homem
desafia
argumenta
contradiz
- mesmo aos olhos da morte -
o poder reluzente
ao sol
em pé
a sua frente
intrigado
irritado
perplexo
diante de tal coragem
bobagem
vista
o imperador
segue seu caminho
marcando duras notas
o mendigo
sentado
percebe
a noite que
se aproxima - pois a brisa é fresca -
e o menino
hoje
não lhe trará comida
festa
na cidade
sem cão
sem comida
sem sol
só
sentado
inabalável
frente
a um grande portão
um mendigo lamenta
a morte
de seu cão
vitorioso
chega à entrada
do reino
o imperador
e seus soldados
pára
observa
indaga ao maltrapilho
- indesejável presença -
feito de milho
o homem pobre
não pobre homem
desafia
argumenta
contradiz
- mesmo aos olhos da morte -
o poder reluzente
ao sol
em pé
a sua frente
intrigado
irritado
perplexo
diante de tal coragem
bobagem
vista
o imperador
segue seu caminho
marcando duras notas
o mendigo
sentado
percebe
a noite que
se aproxima - pois a brisa é fresca -
e o menino
hoje
não lhe trará comida
festa
na cidade
sem cão
sem comida
sem sol
só
sentado
inabalável
Histrela
O céu sob a guarda da lua
ruiva
na
rra
em palavras
constelações bordadas
- do infinito de um cigarro -
os signos luminosos
presentes
em memória visual
hoje
história
ruiva
na
rra
em palavras
constelações bordadas
- do infinito de um cigarro -
os signos luminosos
presentes
em memória visual
hoje
história
Arame farpado
Na praça
central
império
falido
um homem
reciclado
agora
só
ferrugem
imóvel
coroado
- arame farpado -
convive
em paz
com
os pombos
central
império
falido
um homem
reciclado
agora
só
ferrugem
imóvel
coroado
- arame farpado -
convive
em paz
com
os pombos
Alimentar-se
Na primavera
coisas renascem
quietude
no começo
caem as sementes
na Terra
realização
nutrição
movimento e tranqüilidade
o homem cultiva-se
com palavras
que movem-se
do interior
para o exterior
come
bebe
exterior
interior
justa medida
caráter
coisas renascem
quietude
no começo
caem as sementes
na Terra
realização
nutrição
movimento e tranqüilidade
o homem cultiva-se
com palavras
que movem-se
do interior
para o exterior
come
bebe
exterior
interior
justa medida
caráter
Contemplação
Sopra
sobre
a terra
alcança
todos os recantos
observa a vida
de seu povo
homem
através da mera presença
orienta
tu
vento
és contemplado
pela grama
sobre
a terra
alcança
todos os recantos
observa a vida
de seu povo
homem
através da mera presença
orienta
tu
vento
és contemplado
pela grama
Anda chuva
toda poesia
lava
a cidade
em larvas
quando o homem – chama
chora
clama
desnudado
assola
a pedra pichenta
guiado pelo cão
- unha e chão -
segue
pêndulo
esquerda
direita
esquerda
poça
escapa
a asa
do guarda –
chuva
provoca
liberta
lava
a cidade
em larvas
quando o homem – chama
chora
clama
desnudado
assola
a pedra pichenta
guiado pelo cão
- unha e chão -
segue
pêndulo
esquerda
direita
esquerda
poça
escapa
a asa
do guarda –
chuva
provoca
liberta
Rua Vida
Medo de morrer
nos pés resfriados
noite alta
recorte
na diurna discórdia
diária
diariamente assombrada
molhada
não pavimentada
pedregulhos silábicos
da gramática da morte
escrita
com caldo
da terra
vermelha
sulcos
entre pedras
que me levam
para casa
quarto
canto
quinto
asa
nos pés resfriados
noite alta
recorte
na diurna discórdia
diária
diariamente assombrada
molhada
não pavimentada
pedregulhos silábicos
da gramática da morte
escrita
com caldo
da terra
vermelha
sulcos
entre pedras
que me levam
para casa
quarto
canto
quinto
asa
Gota
Quando as cortinas
do céu
se abrem
estendem – se
longos dedos
dourados
do calor
do olho
ao fecundo
útero
onde
a encontram
deitada sobre
mãos verdes
- acolhedora
de glóbulos –
que após
breve descanso
desliza
na velocidade
que lhe cabe
tornando – se
cada fibra
verde
- caminhos por
inclinação -
fica
fino
fio
brilha
com as fitas
no
fim
com o calor
recolhe – se
da queda
ao alto
de volta
as cortinas
do céu
se abrem
estendem – se
longos dedos
dourados
do calor
do olho
ao fecundo
útero
onde
a encontram
deitada sobre
mãos verdes
- acolhedora
de glóbulos –
que após
breve descanso
desliza
na velocidade
que lhe cabe
tornando – se
cada fibra
verde
- caminhos por
inclinação -
fica
fino
fio
brilha
com as fitas
no
fim
com o calor
recolhe – se
da queda
ao alto
de volta
as cortinas
Hoje luto
Do dia
hoje
amanhã
cristãos contra mouros
história de amor
inútil
não sou capaz de mulher
- há talvez –
alguma
capaz
de amar – me
tenho no peito
um hospital
de mortos
bem
mal
poeta
na casca da laranja
está o gosto
de hoje
pão
água
encosto matutino
acorda
a enterrada
assombrada
sólida solidão
feroz
onde não há eco
só um grito desvairado
voz
que emerge
do vazio
palpitante
- trágico relógio
marcador de atos -
onde os cantos
da melancolia
em prantos
expandem – se
grande
árvore
que dos frutos
alimento – me
e os que já amadureceram
desprendem – se
caem
adormecem
- silenciosamente -
monstros distantes
dos astros imortais
vegetais
animais
futuros
frutos
indigeríveis
luto
prazer
hoje
amanhã
cristãos contra mouros
história de amor
inútil
não sou capaz de mulher
- há talvez –
alguma
capaz
de amar – me
tenho no peito
um hospital
de mortos
bem
mal
poeta
na casca da laranja
está o gosto
de hoje
pão
água
encosto matutino
acorda
a enterrada
assombrada
sólida solidão
feroz
onde não há eco
só um grito desvairado
voz
que emerge
do vazio
palpitante
- trágico relógio
marcador de atos -
onde os cantos
da melancolia
em prantos
expandem – se
grande
árvore
que dos frutos
alimento – me
e os que já amadureceram
desprendem – se
caem
adormecem
- silenciosamente -
monstros distantes
dos astros imortais
vegetais
animais
futuros
frutos
indigeríveis
luto
prazer
Tempos modernos
Às 12
o apito
12 e 6
a praça
flores
1 banco
branco
1 jovem
1(a) jovem
2 marmitas
1 almoço
- todos os dias
arroz
feijão
calor
nas mãos
tempo partido
na partida
do operário
1
2
5
20
talvez
novo tempo
ás 12
apito
12 e 6
1 praça
novas flores
1 banco
mesmo banco
mesma espera
no caminho
concreto
1 mulher
2 marmitas
almoço
o horizonte
ao som dos automóveis
- todos os dias
do novo tempo –
o branco
cobre a cabeça
mas não o vermelho
dos lábios
ao lado
o espaço
é preenchido
1 homem
1 olhar
1 almoço
novo instante
fim do operário
novas flores
mesmo banco
que se mancha
no segundo
de um grito
vermelho
de Vanghog
- não das flores -
do novo velho
homem
ex operário
ex traficante
pintado
no discurso de um suspiro
entre as flores
várias cores
no banco de 1 praçaàs 12 e 45 milímetros
o apito
12 e 6
a praça
flores
1 banco
branco
1 jovem
1(a) jovem
2 marmitas
1 almoço
- todos os dias
arroz
feijão
calor
nas mãos
tempo partido
na partida
do operário
1
2
5
20
talvez
novo tempo
ás 12
apito
12 e 6
1 praça
novas flores
1 banco
mesmo banco
mesma espera
no caminho
concreto
1 mulher
2 marmitas
almoço
o horizonte
ao som dos automóveis
- todos os dias
do novo tempo –
o branco
cobre a cabeça
mas não o vermelho
dos lábios
ao lado
o espaço
é preenchido
1 homem
1 olhar
1 almoço
novo instante
fim do operário
novas flores
mesmo banco
que se mancha
no segundo
de um grito
vermelho
de Vanghog
- não das flores -
do novo velho
homem
ex operário
ex traficante
pintado
no discurso de um suspiro
entre as flores
várias cores
no banco de 1 praçaàs 12 e 45 milímetros
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