terça-feira, 4 de setembro de 2007

Olhos de revolução

Sentado
frente
a um grande portão
um mendigo lamenta
a morte
de seu cão



vitorioso
chega à entrada
do reino
o imperador
e seus soldados

pára
observa

indaga ao maltrapilho
- indesejável presença -
feito de milho

o homem pobre
não pobre homem

desafia
argumenta
contradiz
- mesmo aos olhos da morte -
o poder reluzente
ao sol
em pé
a sua frente


intrigado
irritado
perplexo
diante de tal coragem
bobagem
vista



o imperador
segue seu caminho
marcando duras notas


o mendigo
sentado
percebe
a noite que
se aproxima - pois a brisa é fresca -
e o menino
hoje
não lhe trará comida

festa
na cidade


sem cão
sem comida
sem sol

sentado
inabalável

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