Não me lembro ao certo quem a trouxe
mas era pequenina
esperta
branca de manchas pretas
minha Lili
Lili Bonifácio brincava comigo
na indisposição de meus irmãos
meu pai criador de passarinhos
espalhava as gaiolas por todos os lados
curió
canário da terra
picharro
sabiá-laranjeira
pássaro preto
periquitos
o canário do reino estava na varanda
eu
morcego
Lili
prodígio
em nossa luta contra o mal
peguei-as nos braços
e a joguei para o alto
com suas unhas afiadas
agarrou-se na gaiola
acho que nem gostava de passarinhos
nunca provara
nunca saberei
caíram
ela e a gaiola
o passarinho quebrou a perna
vivíamos em regime patriarcal
tudo era resolvido após as seis
o dia durou cem anos em escuridão
o som das botas
estremeciam
da calçada
a porta
toc
toc
toc
os três para a sala
quem derrubou a gaiola
se não falarem será pior
não podia deixar meus dois irmãos
serem castigados por um crime
que não cometeram
nem sabiam
vamos digam alguma coisa
pai
eu estava brin-can-do
com a Lili
e
ela pulou
onde ela está
é a última vez que você a está vendo
estou livre
mas em minha saga
talvez eu seja coringa
2 comentários:
A saga de um menino é realista na retratação da grandeza do menino ante a frieza e a brutalidade, do mundo adulto.
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